Por razões que vão para além do título, o rei do rock fica em segundo plano em Priscilla, algo que só engrandece a performance de Cailee Spaeny e deixa claro o quão impactante foi essa relação. Um relacionamento que, de forma orgânica e também forçada, dominou todos os âmbitos de sua vida.
Para expor isso em tela, Coppola opta por apresentar a rotina do casal, mas especialmente dela sozinha na mansão, sob um olhar externo. Tal olhar pode parecer distante inicialmente, mas não se engane. Priscilla é o cerne de tudo e seu silêncio toma conta. É preciso muita atenção para imaginar o que ela está pensando todas as vezes que o marido/ídolo sai para suas viagens.
Mas a diretora dá as ferramentas (narrativas e visuais) para que o espectador entenda aquela quietude e se sinta ali, ao lado da personagem nos amplos cômodos de Graceland, em Memphis. É de um primor o cuidado de Coppola em construir uma suposta vida de conto de fada e, em contrapartida, a sutileza de Cailee em derrubar tudo por terra com olhares e decisões que jamais são ditas em voz alta.

