Back to Black
Sam Taylor-Johnson, 2024
Quem for assistir ao filme esperando o pior pode se surpreender com o retrato afetuoso que a diretora faz de Amy Winehouse, focado em sua vida íntima e na relação com o ex-marido.

Por Barbara Demerov

Publicado em 22 de maio de 2024 às 14:22

Onde assistir

Fui ver Back to Black, ou "o filme da Amy Winehouse", já com um pé atrás. Por que? Nem eu sei dizer direito. Desde o lançamento das fotos promocionais e do trailer, praticamente todo mundo já atestou que o resultado seria ruim. Esse hype negativo, cada vez mais comum, realmente gera um efeito dominó: a gente já começa a achar que, sim, o filme deve ser ruim mesmo. Sem mais nem menos.

Mas eu me enganei completamente. É uma ficção sobre a vida de Amy, ou seja: não dá pra saber se tudo ali aconteceu da forma que Sam Taylor-Johnson quis contar. Mas o fato é que a diretora filma Amy e seu entorno com tanta proximidade e afeto que é impossível não se deixar levar por esse olhar da garota da Camden que apenas queria fazer música.

Os paparazi são apenas um fragmento do que nós, observadores distantes, sabíamos sobre a vida de Amy. As fotos mostravam o que estava ali à mostra, mas e o que não estava? A relação com a família e, especialmente, com a avó, o relacionamento com Blake e a dependência química ganham contornos bem sensíveis e reais.

Em Back to Black a câmera está sempre muito próxima, mas nunca entra no papel de julgar a protagonista ou os demais personagens: ela só quer contar uma história sobre desejos, conquistas e desilusões. Não é sobre o auge e a ruína de alguém famoso. É uma história sobre uma pessoa comum que tinha sonhos e desejos comuns, mas que acabou ganhando um holofote muito forte para conter sozinha.

Se Marisa Abela consegue alcançar o nível que Amy Winehouse alcançou em vida? Não, mas é justo dizer que ela chegou bem perto. Por cinco minutos ou mais, dá pra esquecer que Amy infelizmente já deixou este mundo e curtir a música.

1 LIVRO, 1 DISCO, 1 FILME que dialogam com Back to Black

Amy: Minha Filha, Mitch Winehouse (2012)
O pai da cantora traz sua versão dos fatos nessa publicação, onde fala abertamente sobre o vício em drogas e álcool que fez a filha sucumbir. O livro também é repleto de fotos do acervo pessoal da família.
Frank, Amy Winehouse (2003)
Se você não conhece o álbum de estreia de Amy, menos famoso que Back to Black, vale a pena ouvir. Músicas como Fuck me Pumps, I Heard Love is Blind e Stronger Than Me já anunciavam o estilo irreverente e a voz poderosa da artista.
Amy, Asif Kapadia (2015)
Vencedor do Oscar de melhor documentário, o filme reconstitui de maneira mais tradicional os altos e baixos da vida da cantora, destacando seus dramas e a conturbada relação com a imprensa.

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