Fui ver Back to Black, ou "o filme da Amy Winehouse", já com um pé atrás. Por que? Nem eu sei dizer direito. Desde o lançamento das fotos promocionais e do trailer, praticamente todo mundo já atestou que o resultado seria ruim. Esse hype negativo, cada vez mais comum, realmente gera um efeito dominó: a gente já começa a achar que, sim, o filme deve ser ruim mesmo. Sem mais nem menos.
Mas eu me enganei completamente. É uma ficção sobre a vida de Amy, ou seja: não dá pra saber se tudo ali aconteceu da forma que Sam Taylor-Johnson quis contar. Mas o fato é que a diretora filma Amy e seu entorno com tanta proximidade e afeto que é impossível não se deixar levar por esse olhar da garota da Camden que apenas queria fazer música.
Os paparazi são apenas um fragmento do que nós, observadores distantes, sabíamos sobre a vida de Amy. As fotos mostravam o que estava ali à mostra, mas e o que não estava? A relação com a família e, especialmente, com a avó, o relacionamento com Blake e a dependência química ganham contornos bem sensíveis e reais.
Em Back to Black a câmera está sempre muito próxima, mas nunca entra no papel de julgar a protagonista ou os demais personagens: ela só quer contar uma história sobre desejos, conquistas e desilusões. Não é sobre o auge e a ruína de alguém famoso. É uma história sobre uma pessoa comum que tinha sonhos e desejos comuns, mas que acabou ganhando um holofote muito forte para conter sozinha.
Se Marisa Abela consegue alcançar o nível que Amy Winehouse alcançou em vida? Não, mas é justo dizer que ela chegou bem perto. Por cinco minutos ou mais, dá pra esquecer que Amy infelizmente já deixou este mundo e curtir a música.

